sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Nosferatu, eine Symphonie des Grauens (1922)



Para quem conhece a história de Drácula, e as suas inúmeras variações como adaptações cinematográficas, não há grande mistério no argumento deste clássico do cinema mudo. Os nomes dos personagens principais e alguns conceitos da história foram alterados. Agora, o famigerado vampiro é o conde Orlok, que também vive na Transilvânia. O jovem Hutter deixa a sua esposa e parte da sua cidade na Alemanha para se encontrar com o conde e finalizar a compra de um imóvel. Mas ele descobre que não é essa a verdadeira intenção do seu anfitrião. Os caminhos de ambos divergem quando Orlok deixa o castelo para se dirigir à cidade de Hutter e o rapaz escapa corajosamente do seu cativeiro.

Friedrich Wilhelm Murnau, nascido em 1888, um ex-piloto de caças da Primeira Guerra Mundial, chegou à cadeira da realização um pouco tardiamente. O seu primeiro filme, Der Knabe in Blau, uma curta de terror sobre uma pintura assombrada e o tema da reencarnação foi concluída em 1919, mas agora, infelizmente, encontra-se perdido. O movimento expressionista, de que Murnau fazia parte, tinha já nesta altura produzido obras incriveis. De Robert Wiene era Der Kabinett des Doktor Caligari (O Gabinete do Dr. Caligari), que juntamente com a obra de Carl Boese e Paul Wegener, "Der Golem, wie er in die Welt kam" (Golem) de 1920 são considerados obras seminais. O uso exagerado de ângulos de câmera, com uma iluminação fora do comum davam a estes filmes um ambiente misterioso, numa tentativa de provocar medo.



Nosferatu foi a primeira, e única, produção da própria empresa de Murnau, a Prana-film. A produtora foi fustigada por gastos excessivos sobre a promoção do filme, um fato que quase custou o lançamento da própria obra. Nosferatu é uma adaptação livre da obra de Bram Stoker, Dracula, por Henrik Galeen, o que significa que a Prana nunca garantiu os direitos para fazer o filme, optando por alterar os nomes, locais e alguns pormenores da trama. No entanto, ninguém foi enganado, pelo menos os Stokers, mas a viúva, que ficou empobrecida pela morte do marido, e ficou totalmente dependentes das receitas dos seus livros, levou a Prana a tribunal por violação dos direitos autorais. No entanto, como a produtora já estava perto da banca-rota, o tribunal ordenou que todas as cópias fossem destruídas. É uma benção que a ordem judicial não foi executada em todo o mundo ou que teria sido roubada uma obra-prima do cinema mundial. As cópias de Nosferatu que sobreviveram fora da Alemanha foram continuamente trabalhadas e lançadas em diferentes versões, com legendas em inglês, e muito provavelmente não refletem completamente a obra original de Murnau. Tudo o que se pode imaginar é que o impacto deste filme, na época de seu lançamento, não deve ter sido pequeno.



Max Schreck, na figura do vampiro, tem uma interpretação intocável. Repugnante e assustador, o seu vampiro é capaz ainda de provocar pena em algumas sequências, para dali a pouco causar repulsa ao se mostrar um simples parasita, imóvel diante da câmera enquanto se alimenta da sua vítima desfalecida.


Francisco Rocha / My One Thousand Movies

3 comentários:

  1. Um dos grandes clássicos do expressionismo alemão sem qualquer dúvida.

    O meu comentário ao filme pode ser lido aqui:
    http://alternative-prison.blogspot.com/2011/01/nosferatu-eine-symphonie-des-grauens.html

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  2. Por acaso nunca achei que era um filme de terror particularmente bem feito, apesar da interpretação memorável, e quanto a Dracula prefiro as versões sonoras de Browning ou Coppola.

    Óptimo blog :)

    http://onarradorsubjectivo.blogspot.com/

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  3. O meu primeiro Dracula foi o do Coppola e foi um filme que me marcou imediatamente. Aquela cena inicial é qualquer coisa.

    Não acho este melhor, são diferente. Mas o Nosferatu do Murnau tem cenas bestiais e sim o Conde é inesquecível. E não me canso de dizer isto mas este filme marcou muito mais o mito do vampiro do que eu fazia ideia, é aqui que pela primeira vez os vampiros morrem com a luz solar.

    Abraço e obrigado Narrador :)

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