quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Le samouraï


«Não há maior solidão que a de um samurai, excepto talvez a de um tigre na selva…»

Com esta enigmática frase, supostamente extraída do ‘Livro do Samurai’ mas escrita pelo próprio Melville, o filme apresenta-nos Jef Costello (Alain Delon), assassino profissional que segue uma rígida conduta de actuação. Mas durante a execução do seu mais recente “trabalho”, Jef não se revela tão prudente e vê-se freneticamente perseguido, tanto pela polícia como pelos homens que o contrataram, numa fuga que culminará num surpreendente enlace…

É difícil encontrar outro argumento, na História do Cinema, que tenha sido tão bem filmado como o de LE SAMOURAÏ (o qual viria a ser revisitado pelo próprio Melville em filmes posteriores e inspirou cineastas como Jim Jarmusch ou John Woo). No seu estatuto de eficiente objecto cinematográfico, possui todas as virtudes de um noir Americano mas com vincada sensibilidade europeia, a qual tornaria alguns dos seus elementos demasiado melodramáticos, talvez até pretensiosos, para um filme de Hollywood.


Em LE SAMOURAÏ, Paris metamorfoseia-se na “Cidade das Sombras”, cenário e ambiente ideais para inesquecíveis sequências de acção contida (como a perseguição pelo metropolitano parisiense), parcas em diálogos e levadas a cabo por um protagonista soturno que possibilitou a Alain Delon o melhor desempenho da sua carreira.

Título austero, romântico, inquietante e intemporal do film noir Europeu — para o deleite assegurado de todos os que seguem a presente iniciativa do Tertúlia do Cinema.

Samuel Andrade / Keyzer Soze’s Place

8 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, não conhecia. Gostei muito ;)

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  2. Muito Obrigado :)

    Espero ver-te por cá mais vezes e se quiseres participar mais activamente, envia um email.

    A ideia é beneficiarmos do conhecimento uns dos outros e certamente que só teríamos a ganhar com a tua participação.

    Abraço

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  3. Ótima sugestão. Alain Delon tem filmes magníficos na carreira.

    Gostei do blog.

    Abraços
    Rodrigo

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  4. Gostei bastante. Do Melville apenas tinha visto o Bob, le Flambeur (bastante recomendável) e acho que este Samurai também é um grande filme. Um exemplo de como foi possível um cineasta pegar num género tipicamente norte-americano e recriá-lo numa linguagem completamente diferente. E ao mesmo tempo com inúmeras semelhanças face ao Noir.

    Foi também curioso ver a influência que teve em «Ghost Dog», do Jim Jarmusch, filme que é por sua vez uma homenagem ao «Samurai». De resto um filme com alguns pontos de contacto, mas também de certa forma distante do francês. Venham de lá mais destes :)

    Cumprimentos

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  5. Ok Loot, então como é que faço? Escolho eu um filme ou vós? E qual é o email?

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  6. Envia um email para o tertuliacinematografica@gmail.com

    O que eu fiz foi pegar nos temas mais votados da sondagem e pedir aos tertulianos para escolherem em qual querem participar.

    Podes escolher qualquer um dos temas em questão (excepto o terror italiano que já está completo). Depois quando o mês desse tema surgir tens de escolher um filme e no dia em que começa a discussão escrever algumas linhas sobre ele (pode ser apenas uma frase).

    Mas falamos melhor por email.

    Abraço

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  7. Le Samurai era um filme que queria ver já há muito, acho que o título foi suficiente para me captar a atenção tudo que tenha qualquer ligação por mais ínfima que seja aos samurais eu vou querer ver e sendo assim quando o descobri foi logo para aquela lista mental que todos temos. Só que o tempo foi passando e acabou por cair no esquecimento. Tenho de começar a escrever em papel é uma das conclusões a tirar.

    Felizmente o Samuel escolheu este filme e que filme.

    O título assenta muito bem, Jef Costello é à semelhança de um samurai, metódico e silencioso. Um lobo solitário, portanto um Ronin, samurai sem senhor.

    Costello é um assassino a contrato e o filme tem início com um dos sues trabalhos. Assistimos à preparação de um forte álibi, talvez perfeito demais até e depois à execução. Todos as peças são colocadas no tabuleiro por Jef e no fim, cheque mate.

    De salientar o trabalho do detective responsável pelo caso, que rapidamente desconfia de Costello e se torna um espinho no seu sapato. Bom trabalho policial e bom desempenho do actor.

    Quando tudo parecia terminar em vez de ser pago com francos Jef é pago com uma bala no braço. A vingança começa, e Jef mesmo numa situação como estas mantém-se sempre frio e calculista um profissional.

    De salientar ainda o seu pássaro usado aqui como um alarme domiciliar e a fantástica perseguição pelo metro de Paris.

    O final é excelente. Quando Jef aponta a arma à empregada do bar, a sua nova missão aparentemente é baleado pela polícia.
    Por fim o detective pega na pistola de Jef apenas para descobrir que esta não tinha nenhuma bala na câmara. Ela nunca esteve em perigo.

    Um filme de poucas palavras mas de grandes momentos.

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  8. Eu achei o filme bastante interessante, muito bom mesmo.
    Com o Alain Delon, só vi "A Piscina" com a Romy Schneider e não gostei muito do filme, mas ele aqui está magnifico.
    Adoro aquele silêncio inicial, adoro o olhar frio dele e o pássaro a dar o alerta e ele perceber que algo não está correcto - genial!
    O final, achei-o algo previsivel, mas ainda assim também foi bom :)
    Venha o Blood Simple ;)

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